Equipa Profissional 2023-10-19

É da Taça que o Povo gosta

15 anos passaram desde a última vez em que Académico de Viseu e União de Leira se defrontaram. Os dois históricos do futebol português, estão separados de qualquer confronto oficial desde o dia um de março de 1998. Na altura, lutavam por pontos na segunda divisão de honra, sendo que os leirienses saíram do Fontelo com uma magra vitória por 0-1. Essa foi, inclusivamente, uma época de sortes bem distintas para os dois emblemas. O Académico acabaria por descer de divisão no final da temporada, enquanto a União Desportiva tornar-se-ia campeã, ascendendo à primeira liga.

Mais de década e meia volvida, muito mudou na história destas duas míticas instituições desportivas . Competições europeias, distritais, divisões secundárias e o regresso ao futebol profissional. Foi por estes momentos que passaram viriatos e unionistas nos últimos anos, encontrando-se neste momento a competir na mesma divisão.

No Fontelo, ultimam-se os preparativos para um dia de festa academista, envolta no espírito da Taça de Portugal. Para o viseense, está a ser criada uma Fan Zone a partir das 14H, com vista ao jogo da equipa sub-19 dos viriatos, que entra em campo às 15H no Estádio 1º de maio, frente ao Sporting CP. Estão criadas as condições perfeitas para uma grande reunião da família beirã, que se compromete a unir forças em torno dos dois grandes jogos da tarde/noite.

Historicamente, a equipa do lis leva uma pequena vantagem. Em 27 jogos, o Académico de Viseu foi vitorioso por nove vezes, tendo empatado por seis, e perdido por 12. Ainda assim, esta será apenas a segunda ocasião em que os dois clubes se encontram na Prova Rainha. A anterior, curiosamente no primeiro jogo em que se defrontaram na história, os leirienses venceram por 3-0 na edição de 1970-71 da Taça.

Já na atual temporada, os dois conjuntos têm tido percursos idênticos. Ambos afastados da Taça da Liga, Académico e Leiria estão separados por apenas um ponto na tabela da Liga Portugal SABSEG. Além disso, antes da paragem para as seleções, o último jogo que realizaram no campeonato foi de má memória: os viseenses saíram derrotados dos Açores, tal como os leirienses regressaram da visita a Mafra. No entanto, na Taça algum deles terá de, invariavelmente, sair vitorioso (seja nos 90´, 120´ou nos penáltis). E, por terras de viriato, convence-se um coletivo de jogadores, staff, dirigentes e adeptos, de que está na altura de arrancar prego a fundo, de demonstrar o nosso talento, ambição e garra, seja dentro ou fora de campo. Isto porque, em Viseu, mandamos nós.

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As quatro cordas que deram música a uma centena de academistas em Alverca

Silêncio, que se vai cantar o fado viseense. Afinadamente, apresentamos a melhor composição musical da quarta jornada da Liga Portugal 2. Talvez por isso tenha sido, por felicidade, a que inaugurou a referida ronda do campeonato. Na segunda deslocação da temporada, o Académico de Viseu viajou até ao Ribatejo lusitano para reencontrar um velho conhecido. FC Alverca, de seu nome, redescobriu o caminho dos campeonatos profissionais na última temporada e fazia, neste final de tarde, a estreia da sua casa oficial na segunda liga. Enquanto bom convidado, o clube beirão priorizou desde cedo pelo respeito a um forte adversário, trazendo na comitiva uma bela centena de adeptos academistas espalhados pelo país. Incapazes de negar a sua génese, os comandados de Rui Ferreira esqueceram a entrada apagada da última jornada, repetindo os feitos das rondas um e dois. Pressionantes desde o início, o minuto 10 foi de entusiasmo nas bancadas do Estádio do FC Alverca. Da esquerda para o meio, Clóvis (que mais à frente completaria a sua estreia a marcar na nova temporada) encontrou a desmarcação primorosa do alemão Messeguem. Com um grande trabalho em plena grande-área, o médio academista descobriu o malabarista Yuri Araújo que, irrompendo nas costas do central mais à esquerda da defesa, fuzilou pela primeira vez as redes adversárias. Foi a terceira “cambalhota” brasileira na época, que venham mais Yuri. Pois nem quatro minutos depois, numa jogada que começa com uma recuperação de bola do Capitão André Almeida à entrada da nossa área, a redondinha mexeu-se de um lado ao outro num “tirinho”. Yuri, Messeguem, Marquinho e Paulinho tocaram no esférico antes do lateral-direito cruzar ao segundo poste para o imperador Clóvis, que conseguiu fazer o 2-0 antes do primeiro quarto de hora. Com duas das cordas a encantar os Viriatos nas bancadas com 100% de eficácia, outras duas iriam chegar para completar o quarteto perfeito de que necessitávamos. Contaram-se mais 20 minutos na partida, quando o inevitável voltou a acontecer. Livre lateral à esquerda, com Paulinho a dar em Gautier que despachou com sotaque francês para o corredor contrário. Apanhada em contrapé, a defensiva contrária não evitou que Clóvis chegasse primeiro à bola e que tivesse todo o tempo para tirar um cruzamento perfeito. Ao segundo poste, a torre Capitã (que tinha subido para o livre) esticou-se no relvado para levar a bola ao poste, ainda desta subir e ter a possibilidade, de cabeça, para fazer o terceiro. Entravam em êxtase os academistas ao verem mais três pontos a formarem-se. Tal como disse o nosso timoneiro, a partir deste momento tudo se simplificou. A iniciativa dada, propositadamente, ao FC Alverca serviu para poupar energias e reforçar a coesão na retaguarda, plano que também correr de feição. Quem esperava um início de segunda parte, diferente da primeira desenganou-se, imediatamente. Isto porque segundo da tarde estava reservado para os 49:52 minutos. Quem pestanejou, não o viu. Quem olhou no momento certo, deslumbrou-se com o remate de Paulinho. Após um contra-ataque rápido dos Beirões, o alívio trouxe até ao lateral-direito (que já tinha feito o gosto ao pé frente ao FC Porto B) a oportunidades perfeita para alvejar as redes contrárias. Receção e remate cruzado logo de seguida, da bitola dos 20 metros (mais coisa menos coisa). Estava fechado, ainda antes dos 50 minutos, o resultado que deixava tranquila uma equipa equilibrada, coesa e, acima de tudo, adulta. Seguem-se duas semanas de pausa, com o topo da classificação guardado nas Muralhas de Viseu. É mesmo no seu interior que iremos defendê-lo na próxima jornada, frente à UD Leiria. O Fontelo prevê-se cheio e entusiasmado…avante Académico.

2024-08-31

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