O sentimento de ver a bola a beijar as redes da baliza para a qual a nossa equipa ataca é, sem dúvida, o ex-libris do desporto rei. O poder do grito preso à garganta, que finalmente podemos soltar em alto e bom som. No entanto, muitas vezes este grito não sai. Não sai, teima em não sair, teima a bola em não entrar e teima o coração em palpitar. Teima tudo e mais alguma coisa, só não teima o golo em chegar.
Tem sido um enguiço. Tantas vezes a bola entrou na presente temporada, tantas vezes ela foi nossa amiga (e trazia sempre ao seu lado os postes, os ressaltos, o vento e chuva e tudo o que mais viesse ajudar), que talvez se tenha cansado. Pelos menos é esta a nossa perspetiva, de quem tanto trabalha, remata, cruza, cabeceia e nada. De quem de tudo faz para a enviar para lá da linha que não chega a ultrapassar. Claro que temos de contar com a qualidade dos nossos adversários, mas se há coisa que estes viriatos já provaram este ano é que pouco importa quem está do outro lado, porque do nosso há qualidade mais que suficiente para enfrentar qualquer equipa. Desengane-se quem achar que nos estamos a esconder atrás da infelicidade de não marcar golos, mas se no futebol quem marca é rei, então nós temos sido os príncipes da criação de lances para tal.
Vamos ao jogo. Pela frente o Académico encontrou um Trofense a fazer pela vida na luta da manutenção. A jogar em casa perante o seu público, a equipa da Trofa entrou melhor até ao “despertar” academista que surgiu por volta dos 20 minutos. Gautier Ott a balancear o ataque pela esquerda, criou duas claras oportunidades onde Messeguem e Toro, respetivamente, esbarraram no guardião Tiago Silva, que impediu o eminente golo viseense nas duas ocasiões. Numa segunda parte que serviu de cópia da primeira (tendo em conta a reentrada com algum ascendente do adversário), o conjunto beirão voltou a tomar as rédeas de um encontro que se foi tornando cada vez mais lento e interrompido, com as várias assistências e paragens dos segundos 45 minutos.
O goleador Clóvis (também ele mergulhado no enguiço de que já falámos) enviou uma bola que podia claramente ser de golo. Noutro dia qualquer poderia entrar, mas o poste (tantas vezes nosso amigo) voltou a negar-lhe, tal como no último jogo em casa, o tento que faria a diferença no marcador.
O balde de área gelada que ditaria o desfecho final, chegava em cima do último minuto do tempo regulamentar. Do poste da baliza viseense (tanta vezes nosso amigo) saiu uma bola que mais parecia teleguiada para a cabeça de Erivaldo, retirando ao Académico não dois, mas sim três pontos nesta visita à Trofa. O fim da partida chegaria pouco depois.
Uma palavra para os cerca de 100 viseenses que estiveram presentes nesta deslocação. Convosco sabemos que podemos contar sempre, seja com ou sem enguiços. Obrigado academistas, são vocês a nossa força.