2363 é um dos números do momento. Na segunda casa da época, o Fontelo registou novamente uma assistência acima dos dois mil lugares, numa manhã de verão que até foi meiga no que à temperatura diz respeito, mas que bem chegou para deixar em fogo os corações academistas.
O adversário trazia consigo a irreverência e juventude para as quais já tínhamos alertado. Vindos da Invicta, os jovens Dragões chegavam a Viseu motivados por uma quase reviravolta na jornada anterior (jogada bem aqui ao lado) que provou a sua perigosa resiliência.
Já no núcleo Viriato viva uma equipa que procurava nova vitória em casa, a segunda em outros tantos jogos, abrindo caminho à sua permanência nos lugares que deseja continuar a espreitar, sorrateiramente, em bicos de pés.
A entrada voltou a ser intensa, mas talvez um pouco distinta das duas anteriores. Diante de um personalizado FC Porto B, o Académico sentiu algumas dificuldades nos primeiros dez minutos, antes de conseguir equilibrar o encontro e chegar ao seu primeiro remate: Milioransa arrancou um cruzamento na projeção da área visitante, para o titular Aidara desviar o esférico rumo ao Imperador Clóvis. Cabeceando de primeira, foi por muito pouco que o marcador não era inaugurado aos 16 minutos.
Cansado de aguardar, Yuri Araújo sacou da cartola sem ninguém se aperceber, e preparou o truque de magia que vingaria aos 24 minutos, logo após uma grande intervenção de Gril. Os passos da ilusão foram simples mas, como sempre, deixaram todos colados ao momento enquanto ouviam o samba brasileiro de fundo: a recuperação foi o jovem Marquinho, que junto ao meio campo jogou para o ponta; Clóvis, sempre combativo, tocou de primeira para a desmarcação do pequenino Yuri, que se apresentava a mais de 20 metros da baliza; e quando todos previam uma receção, a cartola de que falávamos surgiu e a pomba voou em forma de bola de futebol; de primeira, o pé esquerdo do canarinho enviou um autêntico foguete ao canto da coruja, onde nem o mais ágil dos guardiões chegaria. Explodia de alegria o renovado Fontelo para o 1-0. Não sei quanto a vocês, mas o “bruaá” de golo em nossa casa tem um canto e encanto diferentes…que arrepio.
Seguiu-se um período de “vigília”. Compactados, com a personalidade que os tem caracterizado, os homens de Rui Ferreira deixaram de permitir tanta bola ao FC Porto B, enquanto também negavam várias das suas tentativas de aproximação com perigo.
Foi mesmo num desses momentos que se criou o “bruaá” número dois. Já para lá dos 45, Ott foi preponderante a cortar um cruzamento que sobrou para Marquinho. Do meio para a esquerda, Milioransa recebeu na linha e viu a seta francesa a sair disparada no flanco. Ganhando a linha final, o jovem extremo cruzou para Clóvis, mas seria um outro Viriato a decidir: o lateral Paulinho chegou em pezinhos de lã e antecipou-se ao defensor portista; com a peitaça recebeu, com o pé direito o lado escolheu. 2-0 no marcador.
Numa etapa complementar muito mais pausada e controlada, Kahraman foi o primeiro a deixar o aviso. Aos 52 minutos, o turco nascido em Berlim entrou de rompante num lance à entrada de área e nem deixou a bola cair: com um remate prodigioso, foi por muito pouco que não ampliou a vantagem.
A partir daqui, foi Gril a entrar em cena: ao 72’ e aos 78’ brilhou entre os postes, antes de Quizera fazer o 3-0, mas em fora-de-jogo, e de Marineli (entrado no segundo tempo) se isolar e ficar muito perto de fazer o segundo golo com esta bonita camisola.
O jogo não terminaria sem novo momento de brilho com sotaque esloveno: após uma grande penalidade cometida com o braço de Aidara, Gabriel Brás tentou enganar o guarda-redes academista, que coroou uma grande exibição individual e coletiva, adivinhando e lado e mantendo, pela primeira vez na nova época, a baliza a zero.
Sete pontos na bagagem, outros três por conquistar na próxima sexta-feira. Às 18H, em Alverca, a Nação Academista voltará a encontrar-se. Até lá, Viriato.