Onde o coração da Beira soa mais forte, onde os ventos sussurram histórias de glória e bravura, o Fontelo preencheu-se como palco de um duelo entre os Viriatos do Académico de Viseu e os insulares do Santa Clara. Estava em jogo mais do que um simples embate desportivo: era uma batalha pela redenção, pela afirmação de honra em campo. Academistas inatos, determinados a reagir após o revés da jornada anterior, receberam os líderes da Liga Portugal 2 com uma mistura de garra e esperança dentro do peito.
No compasso frenético da primeira parte, ambos os lados desferiram golpes e contragolpes, como guerreiros numa dança de destemor. Os açorianos, com Ricardinho e Safira como aves de rapina, rondaram a área viseense, pintando o ar com tons perigosos de vermelho. Atiçado pelas investidas contrárias foi, no entanto, “Marquinho O Poeta da Bola”, que ergueu a bandeira da fé aos 28 minutos, convertendo a sua esperança em golo. Um passe de abertura total de Samba Koné, encontrou o pé certeiro do médio canarinho que, entre linhas, rematou fora da grande-área, estremecendo o Fontelo com o rugido das redes balançadas. O grito de jubilo ecoou pelas ruas da Capital desta Beira, carregando consigo o orgulho dos viseenses com sotaque sul-americano.
Ainda assim, a batalha estava longe de findar. Os insulares não tardaram em retaliar, com Safira a desferir um golpe certeiro ao poste de Gril, recordando aos Viriatos que a luta estava ainda viva. Os segundos 45 minutos desvelaram-se como um novo capítulo nesta tarde/noite onde o Fontelo foi anfitrião, com os academistas a manterem-se firmes em campo. No entanto, num ato de resiliência, os açorianos arrancaram o empate, com Sidney Lima a elevar-se mais alto que todos, após um canto da forma como defendia o Académico. Com Domen batido, bastou um instante para gelar os corações viseenses. O grito de guerra dos insulares soou alto, mas os Viriatos não abaixaram as armas. Clóvis e Marquinho, senhores incansáveis na busca pela glória, cumprimentaram o segundo golo, mas destino já havia traçado a nossa sentença.
Ao soar do apito final, o Fontelo tornou-se palco de emoções contraditórias. O empate, sabor agridoce para os academistas, deixou um rasto de questões aos Deuses do futebol. Enquanto um ponto não sabe mal, outros dois estiveram ali tão perto, à “mão de semear”…Contudo, no coração da Beira Alta, onde os sonhos são tecidos com fios de determinação, os Viriatos mantêm-se unidos e prontos para os embates que se avizinham. Obrigado, academistas.