O relógio marca 18H do quarto dia de março. O sol está a cerca de 20 minutos de se despedir, timidamente, no horizonte. Numa substituição milenar, a lua toma o seu lugar e encarregar-se-á de acompanhar, vigilantemente, o relvado do Fontelo, no decorrer de mais uma partida do mítico Académico.
“Hora de reagir”, são as palavras de ordem que ecoam nos cânticos dos adeptos apaixonados pelo seu Académico, numa melodia de esperança e determinação. Após o último desafio árduo, onde o destino não sorriu favoravelmente, é chegada a vez de erguer-nos novamente, como um falcão que renasce das brasas. Orgulho ferido, é o que sentimos. No entanto, a lembrança dos golos adversários não apoquenta mais a alma viseense, que não se verga perante a adversidade. Sabemos das nossas qualidades, do nosso espírito guerreiro, e é com esse fogo interior que iremos incendiar o relvado, num espetáculo de paixão e entrega.
Nas vielas de Viseu e nas marés açorianas, palpita o coração do futebol, onde cada jogo é uma epopeia, uma odisseia de emoções. Unidos pela vontade de vencer, Viriatos e Açorianos enfrentam-se, não como inimigos, mas como adversários dignos, num duelo de honra e respeito mútuo. Após o tropeção na Vila das Aves, é o CD Santa Clara quem surge para pagar as despesas da nossa redenção. Por esse mesmo motivo, temos nós de estar preparados para apresentar a conta. Com sede de glória, com a fome insaciável de golos, marchamos para o confronto, determinados a escrever o nosso próprio destino.
Lembrando os anteriores 11 confrontos, são seis vitórias contra quatro derrotas, onde só existe um empate. Podemos, portanto, concluir que neste duelo há, por norma, sempre um vencedor e um vencido.
No mítico Fontelo, onde a mata envolvente conta histórias de glória e de sacrifício, declamadas pelas suas árvores centenárias, é hora de voltar a vencer. Sob o olhar atento das estrelas, chefiadas pela lua, sob o suspiro dos troncos que nos abraçam, erguemos os pergaminhos da esperança, da fé, da convicção.
Olhamos sobriamente para a tabela, com a garra e valentia que nos definem. Porque somos mais do que um clube, somos uma família, somos uma cidade, somos o Académico. Porque hoje e sempre, é o Académico que nos une, que nos emociona, que nos faz sonhar. Força Viriatos, rumo à glória!