No coração da Beira, na Cidade que desta Região é Capital, sopram ventos fortes que espalham, pelo quotidiano dos academistas, a vontade insaciável de jogar, de pisar o relvado e de ver a redondinha em movimento. E essa vontade, perguntam vós, a que se deve? Deve-se, por sinal, ao facto de termos ficado impedidos de a saciar no fim de semana passado. Razões que a nós são alheias, atrasaram uma deslocação fora de casa, adiando o reencontro entre equipa e adeptos.
Para nosso bem, a espera pouco mais irá durar. No próximo sábado, por volta das 11H, histórias de bravura e paixão voltarão a ser contadas entre os Viriatos nas bancadas, enquanto os guerreiros em campo se prepararão para voltar a defender o nosso emblema.
Ao soar dos sinos da Igreja do Sameiro, em Penafiel, ecoam os murmúrios dos adeptos, ansiosos pelo embate que se avizinha. Do outro lado, a Muralha de Viseu, imponente e inabalável, aguarda para ser posta à prova, como guardiã dos sonhos e aspirações da cidade beirã. Neste conto de rivalidade e devoção, as duas cidades encontram-se em campo, não apenas como representantes desportivos, mas como guardiãs de uma história que se escreve há décadas a fio. O Académico de Viseu, com a sua tradição de luta e entrega, carrega nos seus passos os ecos do passado, os ecos dos heróis que outrora envergaram o seu manto. O regresso ao Fontelo, onde o espírito beirão se manifesta em cada brado de apoio, é o cenário perfeito para manter viva a chama da vitória. O Académico não perde em casa desde o último outubro, quando a UD Leiria quebrou, temporariamente, a nossa fortaleza. Desde então, seis jogos se passaram, seis batalhas em que a Muralha de Viseu se ergueu com firmeza, protegendo os interesses do seu povo. E agora, mais do que nunca, é hora de continuar a defender a nossa casa, de erguer a voz em uníssono e mostrar ao país a nossa determinação. Pois o Académico de Viseu não é apenas um clube de futebol…é um símbolo de resistência, de identidade, de tudo o que torna esta região única e especial, que não necessita de estar no Litoral geográfico para ser uma referência, que marca pela diferença.
Nos últimos nove encontros entre os dois escudos, o Penafiel venceu apenas por uma vez, num histórico de confrontos que se iniciou na longínqua época de 1966/1967. Puxando a fita à frente, a presente edição da Liga Portugal 2 já nos trouxe um nulo entre Académico e Penafiel, sendo que, a esta altura, são dois os pontos que os separam, com vantagem para os viseenses. Na oitava posição, com 27 pontos conquistados (mas com menos um jogo), a turma beirã continua a olhar para cima, numa ambição nada descabida de tentar aproximar-se da carruagem da frente.
Que no próximo sábado, sob o olhar atento da Muralha de Viseu, os guerreiros do Académico entrem em campo com a garra dos seus antepassados. Que cada jogador, cada adepto, seja uma pedra da muralha, que desde outubro passado temos vindo a reedificar. Pois neste jogo intenso, onde as emoções estão à flor da pele, é o espírito de união que nos guiará rumo ao triunfo.