Em terra de estudantes, como já havíamos referido na passada crónica de antevisão, o Académico de Viseu tinha de chegar com o estudo em dia, sem atrasos ou faltas de “material”. Isto, porque a equipa que se colocava no horizonte, fazia-nos frente com um trunfo importante: três vitórias seguidas no Estádio Cidade de Coimbra, a sua casa emprestada.
Por isso mesmo, e avisados dos perigos de um conjunto a precisar de pontos, os viriatos entraram em campo em estado de alerta e, acima de tudo, com a confiança em alta (não fossem os seis jogos consecutivos sem derrotas). Nas mentes academistas, brilhava um outro objetivo imediato, que se distanciava a apenas uma vitória: caso conquistassem os três pontos, os viseenses assumiam de forma isolada, o sétimo lugar da classificação, ultrapassando o FC Paços de Ferreira e pressionando a carruagem da frente.
Vamos então ao jogo. No silêncio ensurdecedor do Cidade de Coimbra, que entre os presentes fez recordar os tempos da pandemia de Covid-19, a partida entre Académico e Länk iniciou-se com um ritmo moderado e, consideravelmente, equilibrado. Ainda assim, a diferença qualitativa entre os dois oponentes foi, desde cedo, bastante evidente, mesmo que o conjunto de Jorge Simão não tenha sido capaz de, logo no início, demonstrar tal facto. Com alguma dificuldade em impor-se, o Académico conseguiu conter o ímpeto adversário dos primeiros 20 minutos, passando a partir daí, a controlar as hostes do encontro.
À passagem do minuto 41, surgiu o primeiro grito de guerra da armada viriata na cidade estudantil. Com recurso aos resumos que fizeram de cada treino passado, os “homens da bola” de Viseu ao peito, desenharam uma jogada que combinou engenho e alguma sorte. Gautier cobrou um canto curto à direita do ataque, para o canarinho em ascensão Iuri Araújo gritar em alto e bom som: “Marquinho”. Como um aluno empenhado em entregar o trabalho a tempo, o jovem brasileiro recebeu do compatriota, e à entrada da grande-área rematou de primeira (com o corpo em posição exemplar), sendo feliz no desvio que levou a redondinha a entrar na baliza. Festejava assim a quase centena de adeptos beirões que se deslocaram até Coimbra.
Sem nunca permitir ao Länk uma verdadeira chance de golo, a turma viseense manteve a toada de superioridade, chegando ao segundo com apenas 10 minutos da etapa complementar. Foi com sotaque brasileiro que se reescreveu, novamente, o balançar das redes da baliza minhota. André Clóvis bombeou para a entrada da grande-área, onde Gautier viu a chegada de Marquinho. O extremo francês amorteceu de cabeça e o jovem médio aplicou o pé esquerdo, para de primeira bisar e soltar a festa na bancada destinada aos academistas.
Estava feito o resultado final, e escrito mais um capítulo bonito para guardar nos futuros livros do Académico: com esta vitória, o clube beirão completa um total de 600 jogos na segunda liga, assinalando a incrível marca de 200 vitórias, dentro delas 50 fora de casa. Não é para todos...
Quanto ao presente, são agora sete os jogos consecutivos a pontuar, numa sequência que nos eleva até ao sétimo posto da classificação. Este começo positivo da segunda volta do campeonato, aguça o apetite para a jornada já por si saborosa que aí vem: a receção ao eterno rival, o CD Tondela, com quem mantemos até hoje 100 de invencibilidade.
O caminho é longo, mas iremos fazê-lo juntos. #SomosViriathus