Os Três Reis Magos: O ouro A camisola, O incenso O golo e A mirra A vitória
Reza a lenda que Baltasar, Gaspar e Belchior acorreram rapidamente a Jerusalém, vindos do Oriente, assim que souberam do nascimento de Cristo, “Rei dos Judeus”.
Pois foi numa demanda idêntica e apressada, que os academistas se deslocaram nesta tarde/noite ao Fontelo, assim que souberam do regresso da sua equipa a casa. Naquele que foi o primeiro jogo no ano civil de 2024, as expectativas para dar continuação à conquista dos três pontos em Matosinhos, levaram ao Mítico Fontelo quase 1300 pessoas.
Empolgados, os viseenses foram surpreendidos por uma “Estrela” até agora desconhecida, que os guiou até ao seu sagrado Estádio: em ano de comemoração do 110º aniversário do clube, foi estreada a nova camisola principal do seu Académico. Preenchido pelo negro que caracteriza a bravura e raça beirãs, o novo manto dos viriatos carrega consigo o “oiro” da história academista, marcada pelos áureos sucessos, mas também pelas cicatrizes fundas que fazem deste, o maior representante não só do centro, como de todo o interior do país. O lançamento da nova camisola, que substitui aquela que nos levou às fases decisivas de duas taças, e que nos acompanhou no sonho pela subida até aqui, não desfraldou os olhos de quem a contemplava, vidrando-os nos seus detalhes singulares repletos de requinte, charme e classe. É esta a pele que iremos passar a vestir, que nos encaminhará ao sucesso e que nunca nos deixará sozinhos.
Dentro de campo, a bola foi renhida. Duas equipas já conhecidas das andanças desta época, procuravam dois objetivos diferentes: o Académico chegar ao quinto jogo sem perder; a União terminar com o ciclo sem vitórias. Tirando o cenário de divisão de pontos, apenas uma chegaria a alcançar os seus desejos em pleno Dia de Reis.
Desperdiçando algumas oportunidades em ambas as metades, os bravos viriatos em campo fizeram os roedores de unhas presentes nas bancadas, aguardar pelos 81 minutos para se levantarem da cadeira, indultando o aroma do “incenso” que o Rei Soufiane trazia no seu pé esquerdo. Perfumando o Fontelo de alegria e festa, não foi sozinho que Messeguem criou a jogada do encontro: comecemos pelo ponta de lança André Clóvis, que rápido e ágil, trabalhando arduamente na pressão da equipa, obrigou Pawel Kieszek a despachar a bola para lá da linha lateral. O defesa Igor Milioransa pegou rapidamente no esférico, lançando-o para a torre do meio-campo, Samba Koné, que tocou na frente para o titular Marquinho: o brasileiro viu o buraco na marcação, dando no corredor central para o distribuidor alemão. Foram precisos apenas quatro toques na bola: um para receber, outros dois para ajeitar e tirar o adversário do caminho, e um quarto que guardava atrás de si um senhor canhão . Na bitola dos 25 metros, encheu-se de fé e não negou a mensagem que recebeu dos céus, para enviar a redondinha direta ao ângulo superior da baliza leiriense. Golo da jornada? Golo do mês? Não interessa, foi um autêntico “Großartiges Tor” ou, em bom português: um golaço.
A famosa “mirra” estava guardada para pouco depois. Ela, que tantas vezes auxilia no combate a doenças, pragas e a tantos outros perigos para o Ser Humano, chegaria a Viseu após o apito final do juiz da partida, afastando fantasmas do passado e curando-nos dos receios e dissabores, também eles já sentidos nesta temporada.
Esta é a história de um Dia de Reis que nos fez entrar na primeira metade da tabela, com a certeza de que o caminho ainda é longo, cheio de obstáculos e tropeções. Obrigado, Académico.