No crepúsculo do último ano, quando as doze badaladas ecoaram como um sussurro de esperança, a nação academista abraçou a promessa de um novo ciclo.
Com o despontar do sol do primeiro sábado do ano, a cidade de Viseu respira a energia renovada de 2024. As árvores nuas, testemunhas silenciosas do inverno, parecem sussurrar ao vento os segredos que o novo ano traz consigo. Eis que se ergue, envolto das mesmas, o Estádio do Fontelo, templo de emoções futebolísticas, pronto para receber o duelo entre o Académico de Viseu FC e a UD Leiria. Às 18H, enquanto o sol se prepara para abandonar o palco, dando lugar à sua irmã Diana, a capital da Beira-Alta vestirá as cores das suas paixões, e o Fontelo será o palco onde se iniciará o percurso dos Viriatos no ano do seu 110º aniversário.
O Académico, qual fénix renascida, busca no novo ano a resiliência para superar desafios, e erguer-se na tabela classificativa, balanceada pela vitória forasteira no último jogo de 2023. A esperança dos academistas, como estandartes flamejantes, paira no ar, enchendo os corações de fervor e fé na reviravolta. Do outro lado, a UD Leiria, com olhos postos no horizonte, já disse a todos nós que em Viseu quer pontuar, após já ter saído do Fontelo vitoriosa, no jogo da Taça de Portugal, em outubro passado. Essa foi, curiosamente, apenas a terceira vez na história, que os unionistas venceram em Viseu, num duelo que se repete desde 1970.
Em 28 jogos, os beirões somam nove vitórias, frente a 13 derrotas e seis empates, sendo que nos últimos sete encontros em casa, apenas foram derrotados por uma vez (a tal da presente temporada, a contar para a prova rainha). Um outro ponto positivo deste embate, prende-se com o facto de ambas as equipas chegarem à 16ª jornada em momentos distintos: os Viriatos não são derrotados há quatro jogos, sendo que só perderam uma das últimas seis partidas; já de Leiria, chega um coletivo que não vence há três rondas seguidas, numa série de apenas uma vitória nos últimos cinco jogos. A teoria vale o que vale, e o futebol já tão bem nos ensinou que o passado pouca influência tem, quando a bola começa a rolar. A cabeça dos jogadores fica limpa, e o acontece dentro das quatro lindas, só aos Deuses do futebol pertence, eles mesmos que escrevem uma nova história a cada novo apito inicial do árbitro.
A multidão retém a respiração, e o Fontelo transforma-se no epicentro de emoções contidas. Cada passe é um suspiro de possibilidade, cada defesa um ato heroico. Ansiosos por um recomeço que os faça continuar a vibrar por Viseu, os academistas acorrem em massa ao cerne da sua nação, onde se reúnem com os companheiros, de cachecol ao pescoço e de voz recomposta para gritarem pelo seu Académico.
Isto porque o ano até pode ser novo, mas a nossa união é centenária.