Num palco colado à longa extensão lusitana do Oceânico Atlântico, onde o verde do relvado dás as mãos ao azul do mar, o Académico de Viseu prepara-se para nova deslocação na Liga Portugal 2, numa dança futebolística que ecoará entre as muralhas históricas da bonita cidade de Mafra.
É domingo, dia “da bola”, e o Estádio Municipal de Mafra aguarda com a solenidade de quem recebe dois amantes apaixonados: o desporto e a poesia. À beira-mar plantada, Mafra veste-se de amarelo e verde para receber os bravos Viriatos. O viajante beirão destemido, desembarca na arena mafrense com a herança de uma cidade que é testemunha de séculos. O Dão cruza-se com o Atlântico, num duelo que se desenha não apenas nos pés dos jogadores, mas nos versos que se formam a cada lance. Os adeptos academistas, em coro, trazem consigo a força de uma tradição que se ergue em forma de espírito do nosso clube, da nossa cidade, da nossa região.
Assim, o domingo da bola constrói-se sobre uma base de “Magia do futebol”, onde o CD Mafra e o Académico de Viseu se tornam protagonistas de um verdadeiro espetáculo. O equilíbrio histórico que define os embates entre estes dois emblemas, é o pretexto perfeito para lançar esta partida da jornada 13 da segunda liga. Os números falam por si, quanto à estatística proporcional de vitórias e empates entre as duas respeitadas instituições desportivas. Em 15 jogos nos quais se defrontaram, registaram-se sete empates e precisamente quatro vitórias para cada lado, praticamente sempre intercaladas. Na temporada 2022/2023, o equilíbrio voltou a imperar até no resultado, e o fator “visitado” decidiu os seis pontos em jogo (no Fontelo, o Académico venceu por 2-0; na segunda volta, a turma lisboeta ganhou pelos mesmos números). Há, portanto, um empate técnico por quebrar, que todos desejamos que se transforme numa vantagem pintada a preto e branco.
Impulsionados pelo regresso aos triunfos da última jornada, na vitória mais convincente da época, frente ao Belenenses, os comandados de Jorge Simão partem para a antepenúltima jornada do ano, vindos de uma sequência de dois triunfos em três jogos. Do outro lado, o Mafra vem de duas derrotas seguidas (Estoril Praia, para a Taça da Liga; e Feirense para o campeonato), numa série onde ganhou apenas um dos últimos seis encontros.
Nas quatro linhas, a bola é a caneta que escreve a história, e o desfecho desse poema de paixão será selado sob o olhar atento do Atlântico, que guarda segredos tão antigos quanto o nosso amor pelo desporto rei. Que role a bola, e que no fim os três pontos regressem para Viseu.