Ora, se “A Poesia do Futebol Estava em Jogo”, tal e qual como fizemos referência no título da última crónica de antevisão, é caso para dizer que neste final de tarde/início de noite no Fontelo, se escreveram três estrofes com três tercetos, recheados com conteúdo futebolístico-poético de alta qualidade, carregados de emoção e alegria.
Encarnando os seus heterónimos dentro de campo, os Viriatos de emblema beirão ao peito, entraram na 12ª jornada da Liga Portugal 2 com forças e energias no máximo, prontos para conquistar o segundo triunfo seguido em casa.
Pautando a sua postura em campo pela superioridade, desde o primeiro minuto da partida, o Académico de Viseu cedo quis encontrar o caminho da baliza do Belenenses, histórico lisboeta que se fez acompanhar por uma moldura humana numerosa, que ainda antes da entrada nas bancadas, convivia pacificamente com os academistas. Assim dá gosto ir à bola.
Voltando à partida, foi logo aos cinco minutos que os viriatos se adiantaram no resultado. Após recuperação de bola de Famana Quizera em meio-campo ofensivo, o número 10 soltou rapidamente o contra-ataque, tocando a bola na seta francesa que saiu disparada no flanco esquerdo, Gautier. O extremo cruzou junto à linha para a entrada de rompante de André Clóvis, que de primeira rematou à figura do guardião do Restelo, antes de Tiago Manso colocar o esférico dentro da própria baliza. Estava feito o 1-0 e estava solto no ar o primeiro grito de alegria dos viseenses.
Sem tempo a perder, foi nove minutos depois que a turma de Jorge Simão fez o segundo. Desta feita pelo lado direito do processo ofensivo, Messeguem recebeu com a peitaça e de costas para o ataque, antes de fazer a chamada “cuequinha de calcanhar” que isolou o jovem Labila no flanco. Na grande-área à vista de todos, mas impossível de alcançar, já irrompia André Clóvis, para finalizar uma jogada que parecia desenhada pelos Deuses do futebol. Na passada, o ponta de lança brasileiro fez com o pé esquerdo, aquilo que o cruzamento de Labila e os já de braços levantados academistas pediam: o 2-0. E fez, festejando com toda a equipa, enquanto nas bancadas se entoava o seu nome.
Ainda no primeiro tempo, houve espaço para um lance, no mínimo, curioso. Messeguem isolou Gautier no corredor central, com apenas o guarda-redes lisboeta pelo caminho. No entanto, na altura no passe o médio alemão é abalroado pelo já amarelado Rui Correia. O juiz da partida, Ricardo Baixinho, olvidou a regra do benefício do infrator, travando um golo cantado para expulsar o defesa do Belenenses.
Já no segundo tempo, marcado por um ritmo de jogo mais baixo, proporcionado pela clara gestão da turma beirã, foi aos 58 minutos que o capitão André Almeida impediu em cima da linha aquele que poderia ser o 2-1, desviando do golo o remate de Chima Akas.
E para travar qualquer tipo de dúvida, marcando um ponto final no vencedor do encontro, o ataque vertiginoso dos academistas, fez outra vez das suas, à passagem do minuto 69. Com uma saída da pressão cheia de classe, Messeguem lançou com pompa e circunstância, o cortejo viseense até ao golo. Marquinho (entrado no segundo tempo) recebeu do germânico e “despachou” para Gautier, que saía novamente em velocidade cruzeiro pelo lado esquerdo. Entre o central e o lateral dos forasteiros, o extremo encontrou de novo André Clóvis. Sorrateiro e sempre oportuno, Clóvis levantou de novo o Fontelo, ao encostar à boca da baliza a bola que tinha saído, instante antes, do pé direito de Gautier. Estava feito o bis do avançado.
O marcador do Fontelo piscaria pela derradeira vez, já embrulhado na noite fria do inverno beirão, 20 minutos depois. Em cima dos 90, Moha Keita apareceu nas costas da defesa do Académico, para com um remate potente fazer o 3-1 final.
Endereçamos, como término desta crónica vitoriosa, um especial e gigantesco “obrigado” aos mais de 1000 academistas de gema que marcaram presença no Fontelo. Acreditaram, confiaram e mereceram estes três pontos. Por eles e para eles, iremos sempre continuar. Somos Académico.