Esta já ninguém nos tira. Tão bem que soube, tão merecida e justa que foi. Os nossos Viriatos bateram, no final de tarde de ontem a equipa B do SL Benfica, colocando termo a uma série de jogos sem vencer no campeonato. O triunfo por 1-0, o primeiro de Jorge Simão no comando técnico beirão, consolidou o trabalho de uma equipa e de um conjunto de jogadores, que de tudo vinham a fazer para conquistar pontos. Hoje, com o espírito de sacrifício, união, garra e querer esta vitória é, definitivamente, deles.
Com uma entrada forte no encontro, ao estilo do que tem vindo a acontecer desde a chegada de Jorge Simão, o Académico de Viseu colocou-se em vantagem aos seis minutos da primeira parte. O tão merecido golo, que há tanto se ansiava ver, chegou atrasado ao Fontelo, pediu desculpas, mas ofereceu-nos uma preciosa vitória como moeda de troca. Escusado será dizer que todo o academista aceitou as desculpas, e perdoou a hora tardia a que apareceu.
Vamos então pintar o quadro do tento vitorioso do nosso goleador, André Clóvis. Chris Nduwarugira bombeou o esférico para a desmarcação na esquerda de Daniel Labila. No entanto a defensiva benfiquista cortou a bola de cabeça, tendo a mesma sido recuperada em terreno ofensivo pelo ponta de lança brasileiro, que deu início à jogada que lhe daria o primeiro golo no campeonato. Tabelando curtinho no número sete, Yuri Araújo, André Clóvis recebeu à entrada da área, curvando o corpo que levaria a bola ao canto inferior esquerdo do guardião adversário. Porém, os “Deuses do Futebol” tinham outras ideias em mente, e fizeram com que o remate ainda ressaltasse no corpo do capitão encarnado, traindo Kokubo e abrindo o marcador no Fontelo. Perante as bancadas que ajudavam o speaker a gritar seu o nome, toda a equipa viseense se abraçou em torno do avançado canarinho, que abriu finalmente o frasco de ketchup. Estava feito o 1-0.
Cerca de 10 minutos volvidos, apanhando a defesa do Benfica B em contrapé (depois de uma recuperação de Labila), foi por muito pouco que os viriatos não fizeram o segundo. Costuma dizer-se que os jovens se entendem uns aos outros de forma perfeita, e pela conversa que “ouvimos” nesta jogada, teremos de dar razão a essa ideia. Juvenilmente, o extremo de 20 anos cruzou da esquerda para o médio Famana Quizera, de 21, que apareceu no centro da pequena área, rematando de primeira uma bola de golo. Estirou-se o guarda-redes Kokubo, que fez uma das defesas da tarde/noite para evitar o 2-0. Não ficariam por aqui as oportunidades eminentes do lado academista, visto que quatro minutos depois (aos 20) Famana Quizera teve de novo o golo nos pés. O remate foi intercetado por um corte flagrante de Adrian Bajrami, que repetiu o feito aos 23 minutos, mas perante um potente chuto de Samba Koné.
Numa segunda parte onde o Benfica B não conseguiu agitar, verdadeiramente, o decurso de jogo, tendo ainda assim criado oportunidades nas quais poderia ter faturado, o Académico entregou as despesas do encontro e organizou-se defensivamente, procurando atacar nas transições. Dignas de registo, destacam-se duas oportunidades perigosas das jovens águias: aos 53 minutos, Pedro Santos fez abanar o poste direito de Grill, que estava já batido; aos 58, Gilson Benchimol rematou acrobaticamente dentro da área viseense, para uma defesa segura do guardião esloveno.
O jogo terminaria com algum sofrimento nos corações dos academistas, ansiosos por uma vitória. Em tempos de dificuldade, todas as montanhas parecem mais difíceis de escalar.
De forma poética, entramos em mais uma pausa FIFA com a moral mais elevada, mais cientes das nossas capacidades e com a certeza cada vez maior, de que também a nós a sorte nos pode sorrir. Ainda falta muito.