Equipa Profissional 2023-09-22

Na prova rainha, sê burguês

Numa sociedade dominada pelo capitalismo, a burguesia será o setor que, na gíria, faz circular o “esférico” da riqueza, controlando a “posse de bola” das diversas parcelas da indústria. Trocado por miúdos, os burgueses são conhecidos por serem os “Donos Disto Tudo”, os líderes da “tabela classificativa” social, que trabalham arduamente para conquistar o seu lugar. E é exatamente com essa mentalidade (que nunca deve descorar a humildade), com a qual o Académico de Viseu terá de entrar em campo, na casa do Lusitânia de Lourosa Futebol Clube.

À espera dos corajosos viriatos, que se estreiam este domingo na prova rainha do futebol português, estará uma equipa, um estádio e uma massa adepta, que prometem dificultar ao máximo a tarefa viseense em Lourosa. Na verdade, no nosso caminho está uma equipa de um escalão inferior (Liga 3), mas tendo em conta a competitividade e ritmo a que se joga esse patamar, aliados à qualidade do adversário e às características presentes nos genes da Taça de Portugal, este é um encontro de “alto risco”.

Quem de Viseu olhar para o Lusitânia, pensando em “favas contadas”, saiba desde já que está inteiramente enganado. Taça que é taça, é pródiga em surpresas, principalmente quando se entra em campo de “pés no céu”. Há também que saber fazer a distinção entre ser confiante, e agir sem humildade, dado o facto de que a linha que separa estes dois estados emotivos, é muito ténue. O que se pretende é entrar com o rosto levantado, tendo a noção da responsabilidade que acarreta ser favorito, sem medo de envergar esse “fardo” às costas. Não há que negar essa posição, mas sim prová-la dentro de campo.

Historicamente há um fator motivacional, que promove ainda mais a vontade de vencer esta eliminatória: analisando os confrontos diretos, o Académico de Viseu nunca venceu o Lusitânia de Lourosa. Se este é um fator importante para a partida, também é verdade que as únicas seis ocasiões em que se defrontaram, datam todas entre as épocas 1964-65 e 1971-72. Portanto, este é um confronto histórico, mas que não conhece um “remake” há várias décadas. São, em absoluto, quatro empates e duas vitórias nortenhas. Para quem desconhece, o estádio dos lusitanistas é uma referência no que toca ao seu fervoroso ambiente, proporcionado pelos adeptos aguerridos. Ainda assim, da capital da Beira Alta, parte um conjunto de jogadores e de adeptos, mais que capazes de fazerem face às difíceis condicionantes que se apresentam no horizonte. Quebrar o enguiço é, portanto, a mensagem de ordem na estreia academista na Taça de Portugal.

Esta é uma prova na qual o Académico de Viseu tem um importante legado a defender, principalmente num passado recente. Será a 62ª presença da turma beirã na prova rainha, competição onde chegou, por cinco vezes aos oitavos de final, por duas ocasiões aos quatros de final, e por uma vez (em 2019-20) às meias-finais. Nos últimos quatro anos, só por uma vez os academistas não chegaram aos oitavos de final, dado que eleva naturalmente as expectativas.

No próximo domingo, o futebol tem um cheirinho diferente. A bola, os intervenientes, as regras e os espectadores são os mesmos, mas o sabor da Taça traz às nossas pupilas gustativas um novo sabor, totalmente diferenciado de qualquer outro. O bota-fora desta competição é um aliciante, tal e qual como o embate entre equipas de diferentes escalões. A oportunidade de uns serem tomba-gigantes, é a mesma para outros evidenciarem, na prática, a sua superioridade teórica.

Que comece a verdadeira festa do futebol português.

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Pontos vindos do Oeste

Sol nem sempre é sinónimo de calor, tal como oportunidades no futebol nem sempre são sinónimo de golos. Esta é, talvez, a melhor definição daquele que foi o primeiro tempo da partida desta manhã, que levou o Académico a visitar o Oeste português, mais precisamente a casa do Torreense. Numa manhã de sol, mas de muito frio e vento (não estivéssemos nós em pleno microclima onde o sol se põe), os Viriatos entraram bem na partida, dispondo das principais oportunidades que abriram as hostilidades de um jogo entretido e, sobretudo, interessante. Com o jovem Matheus Sampaio em estreia no plantel viseense, foi no ataque que o Académico mais se esforçou para se destacar na primeira parte. Prova disso mesmo foi o golo madrugador que lançou a equipa na vantagem do marcador. Aos 11 minutos, após algumas aproximações com perigo, Famana Quizera (balanceado no lado direito) tocou para trás, oferecendo a Miguel Bandarra a oportunidade perfeita para cruzar. O lateral respondeu afirmativamente, enviando uma bola rasteira para a entrada do goleador com sotaque canarinho. Bem dentro da grande-área, e com um remate subtil e colocando perfeito, André Clóvis regressou aos golos e bateu o guardião da casa. O Torreense tentou responder, mas, após o golo o Académico foi capaz de manter o sinal mais na partida, apostando forte nas transições ofensivas e numa intensa reação à perda de bola no meio-campo. À passagem do minuto 27, Arthur Chaves subiu ao terceiro andar e esteve muito perto de marcar no encontro. Após canto da esquerda batido por Famana, o defesa brasileiro apareceu de cabeça no coração da área, num lance onde só não marcou porque a trave o impediu, estrondosamente. Pouco depois, aos 36 minutos, foi Gautier a ameaçar a ampliação do resultado para 0-2. Na cobrança de um livre frontal, cobrado mesmo à entrada da área, o extremo francês obrigou o guarda-redes contrário a uma excelente defesa para canto. E como já tanta vez falámos nas nossas crónicas, a velha máxima por todos nós conhecida de que “quem não marca, sofre”, é imperial quando aplicada. Contra a corrente do jogo, a equipa da casa chegaria ao empate a cinco minutos do intervalo, através de uma grande penalidade cobrada por Balanta Júnior.  Mas o descanso não chegaria sem antes Matheus Sampaio se destacar com uma enorme dupla intervenção, que salvou a igualdade em tempo de intervalo. O primeiro sinal de real perigo beirão na etapa complementar, chegou aos 68 minutos. Sempre atento, Clóvis aproveitou uma bola perdida nas costas da defensiva do Torreense, rematando por cima da baliza, mas muito perto de fazer o 1-2. E aos 82 minutos, perante um resto de segunda parte sem muita história, Arthur Chaves assumiu o aviso que tinha deixado no primeiro tempo, como que se de uma missão capital se tratasse. Após cruzamento de Igor Milioransa, na esquerda do ataque, o central carioca apareceu ao segundo poste para restabelecer a vantagem academista.  Estava feito o 1-2 com que terminaria o encontro. O Académico de Viseu consegue, desta forma, regressar às vitórias para o campeonato e ultrapassar União de Leira e Torreense. Os Viriatos ocupam agora a nona posição na tabela classificativa, com 41 pontos.

2024-04-28

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Microclima Beirão

No Oeste deste país, onde o vento sopra com uma intensidade única, estamos prestes a reencontrar um duelo de, no mínimo, proporções históricas entre duas realidades centenárias. O Estádio Manuel Marques, bem no centro de Torres Vedras, será o palco onde o Académico de Viseu enfrentará o SCU Torreense, num confronto carregado de significado e nostalgia. Ambas as equipas chegam a este embate em momentos de dificuldade, com séries de resultados desfavoráveis. Este encontro ganha assim uma importância redobrada, não apenas pelos pontos em discussão, como também pela oportunidade de quebrar o ciclo de resultados negativos. Contudo, o que torna esta partida verdadeiramente especial é o contexto histórico que a envolve. Académico de Viseu e Torreense têm uma longa história de confrontos, que remonta à época de 1949/50, na extinta 2ª divisão. Naquela temporada, os Viriatos prevaleceram sobre o Torreense com duas vitórias memoráveis (0-1 em Torres Vedras e 5-2 no Fontelo), alimentando os sonhos da possível primeira subida da história do clube. Infelizmente, os mesmos não se concretizaram, tornando-se realidade apenas a nove de julho de 1978, em Lordelo. Desde essa época, contabiliza-se um total de 58 jogos entre os dois, com 25 vitórias beirãs e 19 empates. Hoje, as equipas encontram-se em situações similares na tabela classificativa, sendo que a determinação é, igualmente, a mesma: regressar às vitórias. Para o Académico de Viseu, esta é uma oportunidade de ouro para criar o seu próprio "microclima" de triunfos, mesmo longe de casa, num local onde o estado do tempo é quem manda e quem fala mais alto. Uma vitória neste jogo não só igualará os pontos do Torreense, como também garantirá, matematicamente, a tranquilidade na temporada. Recordamos que, na primeira volta do atual campeonato, registou-se um tímido empate a zero, num jogo sem grande história. Esta é uma batalha não apenas pela posição na tabela. Procura-se a afirmação de uma grandeza histórica, que nem todos podem reclamar pela honra de um passado comum. Os adeptos academistas aguardam com expectativa este confronto entre dois dos históricos do futebol português. Assim, que o vento do Oeste traga consigo um novo fôlego para a Beira-Alta que se ergue, novamente, à procura da vitória. Que o Manuel Marques seja palco de um espetáculo favorável aos homens do Manto Negro aos ombros. Em frente, Académico!

2024-04-26

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Rostos incansáveis

Sob o calor de uma tarde da Primavera Beirã, onde o futebol é sempre mais do que um jogo, é  um espetáculo carregado de emoção e expectativa, o Académico de Viseu recebeu o CD Mafra, num confronto que prometia muita luta e rivalidade. No entanto, os Viriatos acabaram por sair derrotados por 0-1, num jogo onde a sorte não sorriu para estes lados. Desde o apito inicial, os Viriatos demonstraram vontade, pressionando o adversário e procurando impor o seu jogo. Messeguem, com um disparo à figura deixou logo nos minutos iniciais, bem marcada a intenção academista de abrir o marcador. Ainda assim, foi o CD Mafra que conseguiu capitalizar um lance de bola parada numa jogada fortuita, à passagem dos 15 minutos. Falé, aproveitando um remate de ressaca após um canto que deixou algumas dúvidas, desviou e fez de cabeça o único golo da partida, colocando os visitantes em vantagem. Apesar deste golpe inicial, que contrariava a boa entrada da turma de Viseu em campo, o Académico não baixou os braços e continuou a pressionar, especialmente pelo lado esquerdo do ataque, onde Gautier se destacava na progressão ofensiva. Com as entradas de Quizera e Jovani na segunda parte, os Viriatos intensificaram ainda mais o seu jogo, criando oportunidades claras de golo que, infelizmente, não se concretizaram. André Almeida esbarrou no poste, Gautier obrigou o guarda-redes do Mafra a uma defesa apertada, e Clóvis desperdiçou por pouco e ao lado. Os rostos das tentativas incansáveis do Académico mostraram a sua determinação, mas a bola teimou em não entrar. No final, apesar de uma exibição merecedora de pelo menos um empate, os viseenses saíram derrotados desta batalha, ocupando agora o 11º lugar na tabela, com 38 pontos. Uma derrota que pesa, mas que não apaga o esforço e a garra demonstrados em campo. O futuro reserva-nos novos desafios e oportunidades de redenção. Continuaremos a lutar com toda a nossa força.

2024-04-21

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