Os clássicos empates a zero…são uma mistura estranha ao sentimento do genuíno adepto de futebol.
Por um lado, procuram-se e retiram-se ilações positivas pela “não derrota”, mas a frustração do marcador não ter piscado, nem para um lado nem para o outro, é um potente catalisador de sensações agridoces no final dos 90 minutos. É, talvez, das ocasiões no mundo futebolístico, onde melhor se compreende o lado do adversário, dado o facto de nos envolvermos dentro do mesmo ânimo.
Esta tarde, em Penafiel, o jogo prometeu tudo aquilo que de bom tem o futebol: golos. Para mal dos pecados dos academistas, o mesmíssimo jogo perdeu-se no endereço, e não foi capaz de nos entregar tudo aquilo que de bom tem o futebol: golos.
A primeira parte decorreu a um ritmo acelerado, com vastas e excelentes aproximações às duas grandes-áreas. A esmagadora maioria merecia golo, com os dois ataques balanceados no processo ofensivo, como que se de uma coreografia conjunta se tratasse. A bola dançava, animada, de um lado para o outro, rodeando as malhas de ambas as balizas do Municipal 25 de abril, quase num cínico gesto de aproximação, que não surtia em qualquer toque nas mesmas.
Aos sete minutos, Soufiane Messeguem encarou, pela primeira vez, o guardião Pedro Silva, que teve de evitar com uma grande intervenção, um forte remate do médio alemão que levava selo de golo. Já aos 24´, o capitão academista quase fez o primeiro tento na partida. Após canto cobrado da direita, André Almeida ganhou no primeiro poste, cabeceando uma bola que, novamente, iria para as redes. No entanto, Maga (qual bombeiro) chegou a tempo de evitar, em cima da linha, o 1-0 para o Académico. Aos 39 minutos, chegou a última grande chance viseense antes do intervalo. Depois de uma recuperação do lateral Igor Milioransa, no centro do terreno, André Clóvis lançou Gautier no flanco esquerdo. O francês aguardou que o ponta de lança chegasse à pequena área, para cruzar uma bola que só por “um bocadinho assim”, não conheceu a chuteira número 33, que decerto inauguraria o marcador.
Na etapa complementar, os Viriatos mantiveram-se por cima do encontro, abrindo as hostilidades com uma oportunidade nos pés do goleador do Académico: aos 57, assistido por Quizera, rematou cruzado, mas à figura do guarda-redes penafidelense.
E quando faltavam 10 minutos para os 90, surgiu o maior calafrio que a turma da casa provocou aos academistas. Pedro Vieira e João Oliveira remataram, consecutivamente, à trave da baliza à guarda de Domen Gril, num lance em que o VAR interveio, mas no qual o juiz do encontro, João Pedro Afonso, não descortinou qualquer falta de Clóvis sobre João Oliveira. Mesmo a terminar o encontro, com mais de três minutos para lá dos 90, João Pinto rasgou por completo a defesa contrária, colocando o avançado brasileiro numa boa posição, de onde não conseguiu, infelizmente, fazer aquele que seria o tento decisivo na partida.
“Em verdade eles nos dizem: ainda não perdemos”. E neste universo da segunda liga portuguesa, todos sabemos o quão importantes são os pontos somados, nem que seja apenas um. Não perder é primordial e, até então, tal não aconteceu e apenas alguns detalhes nos afastaram dos três pontos. Seguem-se duas semanas de pausa, importantíssimas para fortalecer quem já cá estava, recuperar quem precisa e, acima de tudo, integrar quem chegou por último. Tudo isto para que, no regresso do campeonato, voltemos a ser nós a preparar o nosso próprio tempero.