E não é que foi mesmo? Que merecida vitória, aquela a que o público do Fontelo assistiu no final de manhã/ início de tarde deste sábado.
No ar de uma manhã de estranha frescura em Viseu (não estivéssemos nós em pleno Verão, no centro do país), pairava a suspeita de que seria hoje. Não existiam grandes dúvidas, o cheiro a “dia de bola” academista fazia querer toda uma nação beirã, que já só pensava no doce sabor do primeiro triunfo da temporada. A equipa, essa, estava mais que preparada e na sua máxima força, pela primeira vez desde que começou o campeonato. As palavras do timoneiro Vítor Martins ainda ecoavam na cabeça dos viseenses…” Temos de pensar na vitória”, dizia o técnico no lançamento da partida…vitória essa que nos tinha fugido nas passadas duas semanas, por entre as mãos e de forma tão incongruente.
No Fontelo, praticamente dois mil viriatos começavam a reunir-se, ao som de uma nova versão do Hino da Cidade, “Senhora da Beira”. Novos tempos, mas a mesma melodia, um pouco alterada, na verdade, mas seguindo o seu histórico registo que enaltece e faz elevar a honra de qualquer viseense.
Em campo, o jogo começou a uma temperatura já mais elevada. Aproveitando algum nervosismo do adversário, o Académico de Viseu iniciou o encontro por cima, conquistando por diversas vezes a posse de bola em terreno alto. O sinal de perigo que abriu as ostes no Fontelo, nasceu da cabeça do capitão academista. Depois de um grande cruzamento de Miguel Bandarra, da direita, André Almeida apareceu nas costas de toda a defesa contrária, cabeceando com perigo, mas ao lado da baliza fogaceira.
Três minutos depois, com os beirões totalmente balanceados no ataque, foi de um ressalto ganho por Quizera (ele que viria a ser uma das figuras do jogo), que Gautier Ott puxou a perna direita atrás, rematando à malha lateral da baliza do Feirense. Nas bancadas, ainda se gritou “golo”, mas a verdadeira explosão de alegria estava guardada para mais tarde. Quão mais tarde? Não muito, sensivelmente 14 minutos. Aos 37´ Bandarra estendeu a Quizera, uma autoestrada (do tamanho dos troços da A1 e da A25, que ligam Viseu a Santa Maria da Feira) no lado direito do ataque, onde o número 10 teve tempo de receber com o pé esquerdo e adiantar com o direito, o mesmo com que fez a assistência para Gautier. Com o 11 nas costas, o francês ainda trocou os olhos ao adversário, antes de rematar ao canto inferior esquerdo de Pedro Mateus. “C'est simple comme bonjour”, ou como se diz em português, na expressão equivalente: “Sem espinhas”. Estava à solta a festa academista.
Ainda no primeiro tempo, já dentro dos descontos, Domen Gril salvaria a vantagem da turma da casa, após um lance azarado em que o esférico sobrou para o ponta de lança dos azuis da feira. O esloveno respondeu a uma solitária ocasião com a categoria, segurança e fortaleza que todos lhe reconhecem.
Na segunda parte, o motor viseense manteve-se com as rotações em alta. O momento de festejo chegou aos 62 minutos, quando Miguel “apareceu em todo o lado” Bandarra, foi até à linha final cruzar atrasado para o menino Quizera. À assistência que já tinha feito, o jovem avançado somou um golo que chegou dentro de meio embrulho do adversário, não fosse a bola ainda ter sofrido um desvio na defesa fogaceira, traindo o seu guardião.
Até do final do encontro, destaque ainda para uma “bomba” à Clóvis, que só a trave impediu de entrar e fazer o 3-0. Foi quase, André.
E como sabe bem dizer que vencemos…é altura de descansar, antes de olhar já para o próximo jogo, o último antes da pausa para os jogos internacionais. O caminho será longo e cheio de obstáculos, mas a continuar assim, será um caminho bonito. Obrigado, Académico.