Dizem que tudo na vida tem um fim. E todos sabemos o quão precisávamos de colocar termo a este ciclo tenebroso sem triunfos.
A despedida do Estádio do Fontelo na época 2022/2023 perspetivava-se segundo um quadro do clássico “jogo para cumprir calendário”, mas todos sabemos que era muito mais do que isso que estava em discussão na tarde do último sábado. Esta temporada foi repleta de sucessos, de crescimento e, sobretudo, de afirmação de um clube que carrega às costas uma das potências desportivas do interior do país. A cidade acordou de um sono profundo, o Fontelo voltou a esgotar e a comunhão entre jogadores e adeptos tornou-se mais viva que nunca. Por isso mesmo era imperativo para estes viriatos despedirem-se da sua massa adepta, que para todo o lado os acompanhou, com o tão desejado regresso às vitórias.
Pedro Bessa fez rodar a equipa, dando preciosos minutos competitivos aos jogadores que mais deles precisavam, reconhecendo-lhes o mérito por sempre terem lutado pelo seu lugar no onze inicial durante todo o ano. E talvez por essa vontade de quererem mostrar serviço, o Académico entrou no jogo com pose de mandão, a querer incutir na partida apenas as suas pretensões, não dando grande espaço ao adversário. André Clóvis (a quem ainda faltava um golo para se tornar no melhor marcador do século da competição) tratou de assegurar, logo a abrir, a concretização dos bons movimentos atacantes da equipa. Por duas vezes, ainda dentro dos primeiros cinco minutos, o brasileiro tentou alvejar a baliza fogaceira, encontrando pela frente um inspirado Arthur Augusto que lhe negou a inauguração do marcador. No entanto, aos sete minutos, o guardião do Feirense nada pode fazer para evitar a história que parecia já estar escrita. Vítor Bruno bateu o pontapé de canto do lado direito do ataque da casa, colocando olhos na redondida que só soube vislumbrar a cabeça de André “26 golos” Clóvis, cujo novo cognome passou a ser “O Melhor do Século”. E o Fontelo entrou em ebulição. Festejos, palmas e um grito em conjunto que fez ecoar “Clóvis” por toda a região da Beira Alta. Era a homenagem mais que merecida ao jogador que aos academistas deu tantas alegrias. Parabéns e Obrigado, André.
Voltemos ao jogo após a coroação do nosso ponta de lança.
A partir da meia hora da primeira parte, o Académico de Viseu entregou as despesas do jogo ao Feirense, que iria chegar ao empate à passagem do minuto 35. Oche, assistido por Diogo Brás rematou dentro da grande área, não dando hipótese a Ricardo Janota. Foi este o momento mais “azedo” na excelente exibição do guardião viseense, que apesar dos poucos minutos somados esta temporada, mostrou no resto do encontro que também ele está pronto para assegurar com a qualidade necessária a baliza academista.
O empate deu algum alento aos fogaceiros que na segunda metade da partida, jogada a um ritmo mais pausado e “rasgadinho” em termos de faltas, não conseguiram ameaçar verdadeiramente a baliza à guarda de Janota. Foi um segundo tempo mais morno, sem grandes oportunidades de golo que iam prendendo o grito na garganta dos viseenses presentes no Fontelo.
Mas para mal das suas cordas vocais e dos seus batimentos cardíacos, o suspeito do costume voltou a aparecer já em tempo de compensação. Após outro canto, batido à maneira curta, Rafael Bandeira cruzou já dentro da grande área uma bola teleguiada ao segundo poste…e o Fontelo ficou em suspenso…atrás de toda a defensiva adversária, um viriato vestido de negro surgiu mais alto que todos os outros, cabeando o esférico que ainda embateu no poste antes de entrar…qual dos viriatos, perguntam vocês? André “27 golos” Clóvis, está claro. E assim se soltava a última grande festa da temporada no Estádio Municipal do Fontelo, carimbando a despedida de nossa casa com o tão desejado regresso às vitórias.
Dizemos “até já” ao nosso forte e aos nossos adeptos. A eles, agradecemos o apoio incondicional que nos deram durante todo este grande ano para o Académico de Viseu. Connosco vencerem, perderam, mas sobretudo sonharam e acreditaram. Aguardem pelo nosso regresso, porque iremos voltar a encontrar-nos brevemente e mais fortes que nunca.