Equipa Profissional 2024-01-28

É Muito Mais que futebol

Ouse alguém dizer ou pensar o contrário. Se o fizer, pois então que leia esta crónica, com a atenção desmesurada de quem procura significado, encontrando-o onde nunca o viu. Por outro lado, se concordar com o seu título, disfrute desta exegese sobre o jogo em questão, como se de um apaixonado pelo desporto se tratasse. Porque isto, meus amigos, é mais do que um jogo, mais do que uma jornada, e muito mais que três pontos.

Preparamo-nos para dar asas a um espetáculo de paixões ardentes e rivalidades antigas. Na próxima terça-feira, às 20H15, o palco sagrado do nosso Académico, receberá um confronto que transcende o simples jogo de futebol, para se tornar num novíssimo capítulo na história do Distrito de Viseu.

Antes mesmo de a bola rolar, as sombras do passado emergem das páginas poeirentas dos anais desportivos. Remontemos a 1914: os ecos da Primeira Guerra Mundial reverberavam pelo mundo. No entanto, em terras beirãs, já nesse tempo esquecidas pelo poder do litoral, nascia um duelo distinto que concentrava a luta dos seus “soldados”, unicamente dentro das quatro linhas. Foi nesse ano que o Académico de Viseu disputou o seu primeiro jogo de sempre, dias após a fundação de tão ilustre instituição, datada de sete de junho. E não foi contra um mero adversário, mas sim frente a um grupo de jogadores, precisamente da região de Tondela. Realizado no antigo Campo da Ribeira onde, atualmente, ganha vida a Feira de São Mateus, e onde se perpetua a figura de Viriato, os academistas golearam os seus adversários (ainda que o resultado final seja desconhecido), dando início a um confronto no qual, até hoje, nunca sentiram o sabor da derrota.

As sementes da rivalidade foram lançadas naquele momento inaugural, num jogo anunciado pela Comissão de Festas daquele ano, em honra a Santo António, criando as raízes profundas que prosperariam até os dias de hoje.

O CD Tondela, antagonista por excelência, levantar-se-ia apenas em 1933, como o principal rival do Académico. Entre estes dois colossos, nasceu uma rivalidade que vai além dos pontos na tabela classificativa, rivalidade essa que conheceu, nos últimos anos, novos contornos de emoção e paixão pelo jogo, alavancados pelos caminhos de sucesso no futebol profissional, que ambos os emblemas trilharam. Passou a ser uma guerra de orgulho, uma batalha que transcende a métrica fria dos números.

Este dérbi é a expressão máxima de uma intensidade que se alastra desde o pitoresco Fontelo, até às aldeias mais remotas do distrito. E na próxima terça-feira, quando as luzes do “Mini-Jamor” - como muitos lhe chamam - iluminarem os rostos fervorosos dos adeptos, o coração do Académico baterá mais forte. Nas bancadas, a emoção dos fiéis academistas será palpável. Cada grito e cada cântico, ressoarão como uma ode à história que une esta equipa a este povo.

Os jogadores, herdeiros de um legado centenário, entrarão em campo não apenas como atletas, mas como guardiões de uma tradição. As chuteiras tocarão a relva com a reverência de quem sabe que está a escrever mais uma página, no épico livro da rivalidade viseense. Essa mesma que apenas pelo nome, dá a entender quem nela tem sido o protagonista de sempre. Neste palco de emoções, o Académico não joga apenas por três pontos na tabela. Joga pela honra, pelo orgulho que é ser parte da história mais antiga e que mais envaidece a Beira e o Interior. É mais do que um jogo, isto é um capítulo vivo de uma narrativa que se desenrola há décadas.

Na terça-feira não interessa o registo atual das equipas, não interessam os últimos resultados nem o número de pontos ou a posição na tabela. Não interessa a divisão, não interessam as direções, interessa sim a história e esta rivalidade irracional que nos faz querer a vitória, como que se dela precisássemos para respirar.

Que a bola role, que as emoções transbordem e que vença o Maior da Beira, o Maior do Interior…porque esse, todos nós já sabemos quem é.

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Empate disfarçado de garra viseense

Sob a "chuva miudinha" que se fez abater esta tarde em Viseu, Académico e Leixões encontraram-se no grandioso e mágico Fontelo, num encontro sempre empolgante, que até os clássicos "chamamentos" dos Pavões da mata fez acordar. Em confronto na 32ª jornada da Liga Portugal 2, com contas resolvidas para os beirões, e muitas outras por resolver do lado nortenho, as duas equipas deram um início ao jogo, que se coadunava com o que se sentia no ar: frio. A contenda futebolística de hoje principiou com uma face de apatia, um prelúdio que não deixava entrever a emoção que se seguiria. Com poucas oportunidades, que mantiveram a bola bastante presa ao centro do terreno de jogo, a partida aquecia com lume baixo as hostes nas bancadas sentades. Por essa mesma razão, nada fazia prever o golo com que os matosinhenses saíram na frente. Aos oito minutos, após cruzamento de Simãozinho na lateral esquerda do ataque, Ricardo Valente apareceu dentro da grande-área para bater Matheus Sampaio, jovem guardião que voltou a assumir com destreza, a titularidade na baliza academista. Os viseenses enfrentavam, a partir daí, um bloqueio defensivo quase intransponível, um muro de adversidade que parecia insuperável. No entanto, o verdadeiro espírito de um Viriato não se deixa vencer pelas dificuldades. O primeiro a deixar um aviso foi, quem mais, o ponta de lança André Clóvis que, ainda dentro do primeiro tempo, recebeu e rodou já dentro da área, para rematar à figura de Stefanovic. Com recurso a um intervalo de introspeção e estratégia, o Académico emergiu com um novo fôlego na segunda parte, pronto para desafiar o marcador. E foi mesmo num momento de confusão, envolto na primeira oportunidade beirã na etapa complementar, que o tão desejado empate chegou. Aos 60 minutos, na sequência de um pontapé de canto, a bola sobrou ao segundo poste para André Clóvis, que cabeceou uma bola desviada ainda por André Simões antes de entrar na baliza do Leixões. O grito de alívio ecoou pelos corações dos viseenses, enquanto viam a igualdade a instalar-se de novo, confortavelmente, na partida. Sem outras grandes oportunidades de registo, para nenhuma das equipas até ao término do jogo, os minutos finais foram uma guerra de nervos, uma batalha de vontades onde cada lance de aproximação (ainda que sem muito perigo) poderia mudar o resultado. Os viseenses, impelidos pela esperança renovada, investiram com fúria, mas foram detidos pelo guardião Stefanovic. No final, apesar das vicissitudes e de não terem sido capazes de alcançar a vitória, os bravos Viriatos mantiveram viva a chama que alimenta o espírito de equipa, importantíssimo para o que resta das últimas duas jornadas do campeonato. Nesta época com altos e baixos, de uma coisa podemos ter a certeza: esta garra que nos une, ninguém consegue combater. Em frente, Beirões.

2024-05-04

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Primavera academista

Em vésperas do embate do próximo sábado, a cidade de Viseu desperta com uma expectativa palpável, uma tensão suave a pairar no ar que se confunde com o cheiro fresco da relva cortada. É dia de mais uma batalha futebolística, onde os Viriatos se preparam para receber os "Bebés do Mar". Após uma série de jogos que testaram a sua resiliência, o Académico de Viseu encontrou finalmente o caminho da vitória. No último encontro, longe dos seus alicerces, demonstraram uma determinação indomável, conquistando três preciosos pontos no Oeste português. Agora, de regresso ao Interior da sua Muralha, os academistas preparam-se para dar continuidade, entre portas, à conquista de vitórias. No seio dos Muros que revestem  Viriato, erguem-se os nossos jogadores como guerreiros prontos para a batalha, prontos para enfrentar qualquer desafio que se apresente. Do outro lado do campo, os Leixonenses chegam com sede de redenção. Num período difícil, procuram uma vitória que os possa catapultar para lugares mais seguros na tabela classificativa. Após seis jogos seguidos sem vencer, numa série onde apenas somaram vitórias em duas de 12 ocasiões, é de referir que ambas foram conquistadas em deslocações além Matosinhos. Já resolvido no que às suas contas diz respeito, o conjunto viseense quer ainda mais, e os lugares acima na tabela não estão longe. Já o Leixões, ainda com a calculadora na mão, está apenas cinco pontos distanciado da linha de playoff, tendo sido derrotado pelo último classificado na jornada transata, por 1-3. A jogar em casa, com objetivos de melhorar a sua posição na tabela final, o Académico quer reunir as suas tropas, os seus fiéis as suas gentes, em redor de uma equipa que clama por mais pontos. O confronto deste fim de semana é, mais uma vez, um histórico duelo do futebol português. Em 42 jogos, nos quais se contam 13 vitórias beirãs e 13 empates, há uma particularidade igualitária, que suspira por resolução: são, precisamente, 53 golos marcados para cada lado, números esses que bradam pela superioridade viseense. É isso que queremos, é isso que vamos procurar. O esforço e a dedicação diários, chamaram a si os merecidos frutos em formato de conquistas. Com mértio, estes nossos Viriatos conseguiram ver-se livres das amarras dos maus resultados, respirando agora fundo enquanto traçam o seu caminho de sucesso até ao final da temporada. É dentro das quatro linhas que se desenrolará o verdadeiro espetáculo. O Fontelo será, de novo, palco de paixão, de entrega, de uma luta travada com a bola nos pés. Para nós, cada partida é uma oportunidade de mostrar a sua força, a sua determinação, o seu espírito de luta. Com os olhos postos no futuro, sabemos que cada ponto conquistado nos aproxima um pouco mais dos objetivos. E assim, sob o sol da primavera, o palco centenário está montado para mais um capítulo da nossa temporada. Que o Fontelo volte a ser a casa de sempre na qual, juntos, voltaremos a vencer.

2024-05-02

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